Minto quando digo
Que o seu olhar
Já não causa mais efeito em mim
E que o seu sorriso
Já não alegra o meu viver.
Minto quando digo
Que o teu perfume
Já não está mais no meu travesseiro
E que eu já não uso mais
A sua camiseta do U2
Para dormir.
Minto quando digo
Que já não tenho mais guardadas
As nossas fotos
E que já não vivo das lembranças
Dos momentos bons que tivemos.
Minto quando digo
Que não sinto falta das nossas conversas
E que falar sobre o universo
E filosofar a vida
São assuntos que já não me interessam mais.
Minto porque parece facilitar
As coisas para mim.
Minto porque a ilusão
Parece me convencer
De que já te esqueci.
Mas eu posso ser sincera?
É questão de segundos
Para que a minha ficha caia
E traga à tona todas as verdades
Que existe em mim.
A verdade é que eu não sei explicar
O que os meus olhos veem
Quando os seus olhos me vê.
E que a minha boca
Parece estar em modo automático
E abre um largo sorriso
Quando nota o seu.
A verdade é que eu ainda não lavei a sua camiseta
Na tentativa de eternizar o teu perfume por toda a casa
E que Ross e Rachel
Não são o únicos motivos de eu ouvir “With or Without you”
Como um mantra.
A verdade é que eu tenho uma foto sua
Colada no fundo da gaveta
Da cabeceira da cama
Para poder te ver sempre que a saudade bater
E inventar diálogos
Dos quais eu sinto falta
Porque, sinceramente?
Esse foi o único ponto que eu não menti:
Já não me interessa falar sobre qualquer assunto
Sem ter o seu ponto de vista
Como uma segunda opinião.
A verdade é que eu minto
Na tentativa de aceitar que está tudo bem,
Mas a mentira já não tem me confortado cem por cento
E eu tenho me convencido de que
Encarar a verdade
É a melhor forma de tentar aceitar os fatos
E seguir em frente.
Larissa Lisboa.